Vida

Vida

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

M E N T I R A S

Eu vivi uma vida inteira gorda, muito gorda, com todo mundo me achando gorda e falando que eu estava gorda...
Para todas essas pessoas  e para mim mesma eu falava que não me importava de ser gorda porque eu era assim desde sempre.
Contava para todo mundo a história de como não existia sapato para mim quando eu tinha 9 meses de idade porque eu pesava 12 quilos e minha avó tinha que fazer de crochê.
Enfim, transformava minha vida de gorda em lendas urbanas.
Sim porque é isso que fazemos, nos tornamos lendas para que todo mundo ache que não ligamos para a gordura e para a gordice.
Falava para todos que não me importava de ser gorda, que apesar da gordura eu nunca tinha deixado de fazer nada na minha vida.
Aí, ontem, conversando com uma amiga que não via desde antes da operação ela me fez exatamente essa pergunta: - Mas a gordura nunca te incomodou, não é mesmo?
E na hora de responder eu engasguei, engasguei e respondi que era verdade que a gordura nunca tinha me incomodado e nem atrapalhado, mas no momento que proferia essa frase eu sabia que estava mentindo.
A verdade é que usava essa frase como uma desculpa válida para as minhas limitações, e não só as limitações físicas, mas também as limitações psicológicas.
Utilizando essa desculpa eu queria que as pessoas me aceitassem daquele tamanho, mas na verdade eu queria me aceitar daquele tamanho.
Ao usar aquela frase ontem eu percebi que ela foi a grande desculpa que usei por toda uma vida.
Ao proferir a frase e perceber que estava mentindo eu naquele momento percebi que havia mentido para mim a vida inteira.
É claro que a gordura sempre me incomodou, sempre me privou de mim mesma e dos outros.
É claro que a gordura me privou de relacionamentos amorosos, sempre me colocando como a melhor amiga.
Me privou dos esportes coletivos – pois ninguém em sã consciência iria querer uma obesa no time.
Me privou de viagens onde seria necessário realizar grandes esforços físicos.
Me privou de sonhos, pois com a obesidade jamais sonhei com esportes radicais, grandes corridas, pequenas escaladas, viagens exploratórias, grandes amores.
Enfim, é verdade que a obesidade nunca me privou de por um maiô, de ir numa praia, de ter amigos, mas me PRIVOU SIM das grandes emoções, que sempre empurrei pra baixo de um tapete qualquer para não ter que encarar.
Enfim, a grande desculpa da minha vida foi essa  - a obesidade nunca me atrapalhou – enfim MENTIRA, me atrapalhou e atrapalhou muito e só vim a descobrir isso ontem.... e vou dizer que sou muito grata por ter descoberto,  já não poderei usar a frase como desculpa nunca mais...
Enfim, algumas pessoas dizem que estou ficando exibida, mas na verdade estou me dando a chance de viver e sonhar sonhos que nunca antes me foram permitidos e estou fazendo isso hoje por um simples motivo. PORQUE EU POSSO !!!!!

domingo, 6 de setembro de 2015

MINHA PRIMEIRA CORRIDA !!!!

E de cara vocês devem estar pensando: o que essa doida está aprontando agora? Sim, agora eu também corro, corro na rua, corro na terra, corro na pista e assim por diante.
Essa história começou porque conhecia algumas pessoas que estavam correndo e tinham uma professora para acompanhá-las e eu fiquei animada.
Fui conversar com a Professora e ela ficou com receio de me treinar, por causa da operação bariátrica, então comecei a caminhar e dar umas corridinhas pela cidade.
Nesse meio tempo minha prima Angela já estava correndo e conhecemos outras pessoas que corriam de forma mais despretenciosa das quais fiquei amiga, não é mesmo Wilma, Kelly, Dione, Laine, etc....
Eu sabendo que estava numa situação especial não me aventurei a sair correndo, então como conhecia o Montanha (professor de educação física em Presidente Prudente, fui falar com ele e ele topou me treinar), e comecei meus treinos no começo de agosto.
E, ontem – 5 de setembro – foi minha primeira corrida – 7ª Corrida da Primavera de Santa Mercedes/SP.
Foi realmente um dia mágico, acordei às 6:00 Horas, tomei meu suco verde com torradas e requeijão e fui buscar meus companheiros de corrida e integrantes da Equipe Corre Dracena – Cristiano e Lyara.
Pegamos a estrada, chegamos  em Santa Mercedes, encontramos outros membros da Equipe e ficamos nos preparando para o início da prova.
Não posso dizer que foi uma super organização, pois a prova que era para começar às 8:30H teve início às 9:55H.
Bom, mas já estou me adiantando.
A organização chegou, fizemos as inscrições ( sorte que eram poucos corredores), subimos em um ônibus e o Organizador foi nos mostrar o percurso dentro da cidade ( que era praticamente uma reta).
Após o tour pelo percurso o ônibus pegou o caminho rural e nos deixou no ponto de largada, indo mais alguns quilometros para deixar os corredores mais experientes (era uma prova de 5 e 8 km – sendo que 3 Km era de terra - areião).
Descemos, e quando olhamos o caminho que teríamos que fazer, vimos de cara que tínhamos uns bons 300 metros de subida cruel no areião.
Nesse momento me desesperei e pensei que ao chegar no fim da subida iria sentar e esperar o ônibus para voltar, mas me muni de coragem e fui para a linha de largada.
A partida foi dada e saímos – os mais corajosos correndo rumo àquela subida insana, os mais covardes (eu entre eles) fomos bem devagarinho – e digo desde já que foi o que me salvou.
Aplicativo ligado e falando comigo o tempo todo e eu fazendo cada quilometro na média de 9’18”, quando passei do 2º Km comecei a ficar feliz, porque logo estaríamos no asfalto e logo teríamos um ponto de distribuição de água.
E você acredita mesmo que seria tão fácil, pois é.
O areião estava terrível e ainda tínhamos que dividir a pista com caminhões de cana, cavalos, camionetes e pessoas engraçadinhas...
Quando a mocinha do aplicativo me avisou que eu tinha alcançado 3 Km olhei para frente e percebi que ainda tinha uns bons 800 metros de terra.
A sede me consumia, a poeira me tampava o nariz e minhas pernas estavam bambas – acho que de desidratação ..... RS
Nesse momento, ouvi uma voz maravilhosa dizendo: “Paula, você quer água?” E lá vinha o Cleber, outro Membro da Equipe Corre Dracena, me estendendo uma garrafinha de água com pelo menos 300 ml de água, e posso dizer com certeza, consegui terminar a prova, graças àquela água salvadora....
E lá foram os últimos 700 metros de terra e começo do asfalto, nesse percurso até a Chegada vários moradores da cidade estavam nos esperando e nos dando apoio.
Vou dizer, essa corrida foi minha, eu contra eu mesma, meu corpo e minha cabeça unidos me fazendo chegar até o ponto de Chegada e cheguei.
E quando estava chegando, lá estavam os Membros da Equipe Corre Dracena, me esperando, me incentivando, pois apesar de ser um dos membros mais velhos  ( de idade ) sou a caçulinha nessa arte de CORRER.
E pessoal – Bandeira, Cleber, Cristiano, Lyara, Kelly, Dione, Laine, preciso dizer que aquela água do Cleber e a certeza de vocês estarem na linha de chegada me esperando, me levaram até o fim dessa Minha Primeira Corrida.... Muito Obrigada a vocês e a todos da Equipe Corre Dracena que diariamente nos imprime injeções de ânimo...


Essa foi minha primeira corrida e aproveito esse momento para dedicá-la a duas pessoas, Dr. André Pirajá, pois foi sua história que me fez ter vontade de correr e ao Dr. Fernando Leal Pereira que me proporcionou os meios para que isso acontecesse.
E que venham novos desafios....
As pessoas me perguntam se eu vou ter assunto para muito tempo de blog e eu digo que sim, pois minha vida muda a cada segundo.....