(participação
mais que especial de Luanna Catina)
No
dia 01 de junho de 2015, durante nossa preciosa Reunião de Peso ( que vocês já
conhecem) alguém teve a idéia de montarmos um grupo de WathsApp e assim
aconteceu o início de várias amizades e várias histórias.
O
pessoal do grupo está super animado e algumas histórias chamam a atenção de
todos e por isso resolvi que com a ajuda preciosa de quem as viveu começar a
publicar neste local as histórias de outras pessoas, pois como ficará claro
cada experiência é uma vida diferente, uma emoção diferente, um amor diferente.
No
caso de hoje temos a Luanna, pessoa super especial com uma história linda que
será contada por ela mesma:
“Há
3 anos eu me olhava no espelho e não entendia como tinha chegado aos 135kg... a
menina magra, apelidada de “cu seco” pela família estava imensamente obesa.
Primeira crise depressiva aos 19 anos e uma ansiedade monstruosa que se
transformava sempre numa compulsão alimentar mais forte do que eu mesma tinham me
ajudado a estar tão gorda. Gorda mesmo, porque ninguém diz: “nossa, como ela e
obesa”... desde os 19 anos tentava emagrecer e engordava sempre mais. Tomava
mil remédios... todos os lançamentos da indústria farmacêutica... tomei até
xenical, vivia me borrando, literalmente! Tive crises de tomar anfetaminas com
whisk, tive crises de comer barras de chocolates, tive crises de fazer regimes
malucos e desmaiar... fui em clínicas de estética, gastei fortunas, fiz lipo,
fiz peito... fiz drama. Emagreci e engordei mil vezes... bati o carro drogada
com anfepramona, fiz de tudo... até que engravidei. Tudo mudou. A palhaçada
tinha que acabar, afinal, alguém crescia dentro de mim. Fui à nutricionista...
nesta época eu já estava em tratamento psicológico, já tinha entendido que
estava doente, só não conseguia mudar. Mas ai tudo mudou. Nada de remédios,
nada de abusos, alimentação saudável e muito esforço, mais pela minha filha, do
que por mim. Ela nasceu e eu me divorciei, se findava um ciclo de dor muito
profunda, e de cicatrizes doloridas, e aí eu engordei pra valer... foi então
que entendi que pra cuidar da minha filha eu precisava estar bem e resolvi
procurar um cirurgião e fazer a redução do estômago. Pra minha surpresa, nos
exames pré operatórios, descobri que estava com o coração inchado... foi o
início de mil exames, até cateterismo eu fiz (experiência mortal) e veio o
diagnóstico. Eu adquiri miocardiopatia dilatada... não sei se foram as
anfetaminas ou qualquer outra causa. Sei que a pressão extremamente alta e o
coração fraco não permitiram que eu fizesse a cirurgia. Meu cardiologista me
incentivava a emagrecer! Vamos emagrecer um pouco pra poder operar. E nada...
me cadastrei em uma empresa de produtos de emagrecimento que promete vida
saudável e comprei uma fortuna em shakes e outros produtos. Passei a me
alimentar de shakes e tabletes. Queria emagrecer! Quanto mais fome eu passava,
mais eu engordava. Quanto mais engordava, mais dores eu tinha, mais ofegante eu
ficava, mais depressiva eu estava. Já não via mais solução. Estava perdida. A
única coisa que eu queria era criar a minha filha e eu nem conseguia brincar
com ela... Alguns anos se passaram e a situação chegou no limite. Meu
cardiologista me indicou o gastro cirurgião Dr. Fernando Leal e me disse que a única
saída era a cirurgia de redução do estômago. Foi claro em me dizer que eu
poderia morrer na cirurgia, mas que da mesma forma, poderia morrer dormindo, ou
andando... eu estava tão mal que o risco era praticamente o mesmo. Marquei uma
consulta e quando cheguei ao consultório, em meio a toda a minha ansiedade, ele
me disse: “me conta tudo, desde o inicio”, e se acomodou na poltrona... Eu ri
por dentro, e respondi que “tudo” era muita coisa, e então ele sorriu e disse
que não estava com pressa. Naquele momento eu sabia que seria ele. Depois que
contei “tudo”, ele me disse que iria me operar, que era pra eu tentar
emagrecer, ou pelo menos não engordar... No dia “D” eu estava com 127kg. Estava
com medo. Muito. Pedi a DEUS pra me permitir criar a minha filha. Escrevi uma
carta e coloquei no fundo da minha mala, endereçada à minha mãe, para ler
somente se eu morresse. A pressão estava alta, e não paravam de me enfiar
remédio embaixo da língua. Seja o que DEUS quiser. Me entreguei. Lembrava de
tudo, tinha vontade de chorar, pensava na minha menina, na minha mãe. Tudo
escureceu e acordei mais tarde, na UTI do Hospital Iamada. Não sabia se estava
viva. Mal conseguia respirar. Doía tudo! Morri! To num hospital no plano
espiritual... Tinha alguém gritando perto de mim, e isso me dava a certeza de
que tinha morrido. E agora? Então, uma moça se aproximou e estava com um crachá
do hospital. Será que eu estava viva?? E minutos depois, ou horas, não sei bem,
o Dr. Fernando apareceu, todo sorridente, me dizendo pra eu não estranhar o
tamanho do corte na minha barriga, porque ele tinha tido que me operar bem
rápido e precisou abrir um pouco mais... 500 indagações me vieram na mente, mas
não perguntei nada. Eu confiava nele. Fiquei um pouco mais de um dia ali,
depois fui para o quarto, e a pressão ainda estava muito alta, dando trabalho
pra todo mundo. Que dor. Que desespero... O que eu fiz da minha vida? Passei a
semana toda no hospital, até poder tomar meus remédios pro coração e a pressão
abaixar um pouco. Fui pra casa da minha tia e ali tive uma ótima recuperação.
Os meses passavam e eu emagrecia. O cabelo caía e eu emagrecia. As dores
diminuíam e eu emagrecia. O coração melhorava e eu emagrecia. Hoje peso 86kg.
Não voltei a ser magricela não! Mas estou saudável. A função cardíaca melhorou.
O coração diminuiu um pouco, e eu tenho uma vida normal. Como de tudo! Não
passo mal! Passo longe de tudo que é tarja preta. Em outubro completarei 4 anos de cirurgia e sempre me pergunto se
estaria viva, caso não tivesse operado. A ansiedade não mudou. Encontrei uma
psicóloga aqui na minha cidade e faço terapia. Faço atividade física. Brinco
com a minha filha. Minha vida mudou da água pro vinho. Agradeço à DEUS, à
Fátima (minha primeira psicóloga), e aos meus médicos, o cardiologista Dr. Adriano,
e o Dr. Fernando... sempre! A carta que levei no fundo da mala, eu rasguei e
joguei no lixo, afinal, eu não morri! Até hoje não sei bem o que houve na
cirurgia, qual foi a complicação exatamente. Mas também não quero saber, por
isso não perguntei ao meu cirurgião. Como eu disse antes, eu confio nele, e
prefiro focar minha atenção no presente. O que passou, já era! E hoje, me olho
no espelho e entendo perfeitamente como cheguei aos 135kg e tudo que tenho que
fazer para me manter em um peso saudável.
Hoje eu entendo o quanto minha filha é importante e vejo nela um motivo
para lutar, mas já entendi que tenho que me amar em primeiro lugar. Quem não se
ama, não consegue dar amor. Cuidando de mim mesma, posso cuidar dela de uma
forma muito melhor. Acredito que tive uma chance, e agradeço por isso,
diariamente.”
Acabo
de escrever esse artigo extremamente emocionada, pois não canso de ler a
história dessa guerreira, que percebeu que amando a si mesma seria muito melhor
para as pessoas ao seu redor.
Parabéns
Luanna por sua luta, mas principalmente por sua Vitória....
E
como não agradecer ao Fernando, nosso cirurgião por nos dar a chance de nos
conhecermos..... Obrigada Fernando – sempre....
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