Vida

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terça-feira, 9 de junho de 2015

SE AMANDO PARA PODER AMAR ....

(participação mais que especial de Luanna Catina)

No dia 01 de junho de 2015, durante nossa preciosa Reunião de Peso ( que vocês já conhecem) alguém teve a idéia de montarmos um grupo de WathsApp e assim aconteceu o início de várias amizades e várias histórias.

O pessoal do grupo está super animado e algumas histórias chamam a atenção de todos e por isso resolvi que com a ajuda preciosa de quem as viveu começar a publicar neste local as histórias de outras pessoas, pois como ficará claro cada experiência é uma vida diferente, uma emoção diferente, um amor diferente.

No caso de hoje temos a Luanna, pessoa super especial com uma história linda que será contada por ela mesma:

“Há 3 anos eu me olhava no espelho e não entendia como tinha chegado aos 135kg... a menina magra, apelidada de “cu seco” pela família estava imensamente obesa. Primeira crise depressiva aos 19 anos e uma ansiedade monstruosa que se transformava sempre numa compulsão alimentar mais forte do que eu mesma tinham me ajudado a estar tão gorda. Gorda mesmo, porque ninguém diz: “nossa, como ela e obesa”... desde os 19 anos tentava emagrecer e engordava sempre mais. Tomava mil remédios... todos os lançamentos da indústria farmacêutica... tomei até xenical, vivia me borrando, literalmente! Tive crises de tomar anfetaminas com whisk, tive crises de comer barras de chocolates, tive crises de fazer regimes malucos e desmaiar... fui em clínicas de estética, gastei fortunas, fiz lipo, fiz peito... fiz drama. Emagreci e engordei mil vezes... bati o carro drogada com anfepramona, fiz de tudo... até que engravidei. Tudo mudou. A palhaçada tinha que acabar, afinal, alguém crescia dentro de mim. Fui à nutricionista... nesta época eu já estava em tratamento psicológico, já tinha entendido que estava doente, só não conseguia mudar. Mas ai tudo mudou. Nada de remédios, nada de abusos, alimentação saudável e muito esforço, mais pela minha filha, do que por mim. Ela nasceu e eu me divorciei, se findava um ciclo de dor muito profunda, e de cicatrizes doloridas, e aí eu engordei pra valer... foi então que entendi que pra cuidar da minha filha eu precisava estar bem e resolvi procurar um cirurgião e fazer a redução do estômago. Pra minha surpresa, nos exames pré operatórios, descobri que estava com o coração inchado... foi o início de mil exames, até cateterismo eu fiz (experiência mortal) e veio o diagnóstico. Eu adquiri miocardiopatia dilatada... não sei se foram as anfetaminas ou qualquer outra causa. Sei que a pressão extremamente alta e o coração fraco não permitiram que eu fizesse a cirurgia. Meu cardiologista me incentivava a emagrecer! Vamos emagrecer um pouco pra poder operar. E nada... me cadastrei em uma empresa de produtos de emagrecimento que promete vida saudável e comprei uma fortuna em shakes e outros produtos. Passei a me alimentar de shakes e tabletes. Queria emagrecer! Quanto mais fome eu passava, mais eu engordava. Quanto mais engordava, mais dores eu tinha, mais ofegante eu ficava, mais depressiva eu estava. Já não via mais solução. Estava perdida. A única coisa que eu queria era criar a minha filha e eu nem conseguia brincar com ela... Alguns anos se passaram e a situação chegou no limite. Meu cardiologista me indicou o gastro cirurgião Dr. Fernando Leal e me disse que a única saída era a cirurgia de redução do estômago. Foi claro em me dizer que eu poderia morrer na cirurgia, mas que da mesma forma, poderia morrer dormindo, ou andando... eu estava tão mal que o risco era praticamente o mesmo. Marquei uma consulta e quando cheguei ao consultório, em meio a toda a minha ansiedade, ele me disse: “me conta tudo, desde o inicio”, e se acomodou na poltrona... Eu ri por dentro, e respondi que “tudo” era muita coisa, e então ele sorriu e disse que não estava com pressa. Naquele momento eu sabia que seria ele. Depois que contei “tudo”, ele me disse que iria me operar, que era pra eu tentar emagrecer, ou pelo menos não engordar... No dia “D” eu estava com 127kg. Estava com medo. Muito. Pedi a DEUS pra me permitir criar a minha filha. Escrevi uma carta e coloquei no fundo da minha mala, endereçada à minha mãe, para ler somente se eu morresse. A pressão estava alta, e não paravam de me enfiar remédio embaixo da língua. Seja o que DEUS quiser. Me entreguei. Lembrava de tudo, tinha vontade de chorar, pensava na minha menina, na minha mãe. Tudo escureceu e acordei mais tarde, na UTI do Hospital Iamada. Não sabia se estava viva. Mal conseguia respirar. Doía tudo! Morri! To num hospital no plano espiritual... Tinha alguém gritando perto de mim, e isso me dava a certeza de que tinha morrido. E agora? Então, uma moça se aproximou e estava com um crachá do hospital. Será que eu estava viva?? E minutos depois, ou horas, não sei bem, o Dr. Fernando apareceu, todo sorridente, me dizendo pra eu não estranhar o tamanho do corte na minha barriga, porque ele tinha tido que me operar bem rápido e precisou abrir um pouco mais... 500 indagações me vieram na mente, mas não perguntei nada. Eu confiava nele. Fiquei um pouco mais de um dia ali, depois fui para o quarto, e a pressão ainda estava muito alta, dando trabalho pra todo mundo. Que dor. Que desespero... O que eu fiz da minha vida? Passei a semana toda no hospital, até poder tomar meus remédios pro coração e a pressão abaixar um pouco. Fui pra casa da minha tia e ali tive uma ótima recuperação. Os meses passavam e eu emagrecia. O cabelo caía e eu emagrecia. As dores diminuíam e eu emagrecia. O coração melhorava e eu emagrecia. Hoje peso 86kg. Não voltei a ser magricela não! Mas estou saudável. A função cardíaca melhorou. O coração diminuiu um pouco, e eu tenho uma vida normal. Como de tudo! Não passo mal! Passo longe de tudo que é tarja preta. Em outubro completarei  4 anos de cirurgia e sempre me pergunto se estaria viva, caso não tivesse operado. A ansiedade não mudou. Encontrei uma psicóloga aqui na minha cidade e faço terapia. Faço atividade física. Brinco com a minha filha. Minha vida mudou da água pro vinho. Agradeço à DEUS, à Fátima (minha primeira psicóloga), e aos meus médicos, o cardiologista Dr. Adriano, e o Dr. Fernando... sempre! A carta que levei no fundo da mala, eu rasguei e joguei no lixo, afinal, eu não morri! Até hoje não sei bem o que houve na cirurgia, qual foi a complicação exatamente. Mas também não quero saber, por isso não perguntei ao meu cirurgião. Como eu disse antes, eu confio nele, e prefiro focar minha atenção no presente. O que passou, já era! E hoje, me olho no espelho e entendo perfeitamente como cheguei aos 135kg e tudo que tenho que fazer para me manter em um peso saudável.  Hoje eu entendo o quanto minha filha é importante e vejo nela um motivo para lutar, mas já entendi que tenho que me amar em primeiro lugar. Quem não se ama, não consegue dar amor. Cuidando de mim mesma, posso cuidar dela de uma forma muito melhor. Acredito que tive uma chance, e agradeço por isso, diariamente.”

Acabo de escrever esse artigo extremamente emocionada, pois não canso de ler a história dessa guerreira, que percebeu que amando a si mesma seria muito melhor para as pessoas ao seu redor.

Parabéns Luanna por sua luta, mas principalmente por sua Vitória....

E como não agradecer ao Fernando, nosso cirurgião por nos dar a chance de nos conhecermos..... Obrigada Fernando – sempre....



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